Curti,
comentei e compartilhei. Ontem, ao entrar em minha conta no Facebook, fui
informado de que um usuário desta rede social havia publicado um status, na
página da Prefeitura Municipal de São Sebastião, o qual repudiava o destrato do
Município em relação aos professores. A referida cidade,que está situada no
agreste alagoano e é conhecida pela cultura da renda de bilro, tem apresentado
certo descaso com os profissionais da educação, o que tem gerado sério descontentamento
à população.
A
prática de ensinar data desde antes de Cristo, introduzida pelos sofistas e
impulsionada pelos filósofos da natureza. Na contemporaneidade, diferencia-se
pelas múltiplas transformações que recebeu desde aquela época, onde houve uma
gama de direitos conquistados e que, gradativamente, estão sendo postos em
práticas.
Mas, afigura
do professor vem sofrendo algumas distorções na sua forma de atuação, pois
este, nos últimos tempos, tem sua prática desconsiderada. A ele se oferece as
mínimas condições possíveis de trabalho; uma ínfima valorização seja com
salário, ou reconhecimento, e pouco incentivo no decorrer do seu plano de carreira.
Dessa forma, há uma relação entre professores e alunos: quando os primeiros são
injustiçados, os segundos se prejudicam.
Pesquisas científicas, através de entrevistas e acompanhamento da
evolução dos alunos do ensino de base, comprovam que o rendimento dos discentes
depende de professores felizes e realizados com o seu trabalho; mas, para isso,
a classe docente tem que ser motivada, seja com um salário digno ou - pelo
menos - com um ambiente favorável ao ensino.
Corroborando
para o fato acima,em recente entrevista, o comentarista Alexandre Garcia
salientou que “o indivíduo nasce professor e não tem que se envergonhar, a não
ser com o salário”. Ao acompanhar a entrevista, lembrei-me do amor dos professores desse Município pela profissão
e da alegria dos familiares ao verem seus filhos com o diploma de professor. Os
que aqui residem também enxergam nessa classe a possibilidade de alcançar um
futuro promissor, seja seguindo a carreira de seus mestres, ou se inspirando
para traçar o seu próprio caminho. Mesmo assim, há quem diga que a carreira
docente vem se desfalecendo a cada dia, outros veem nela o ofício de um
palhaço: propor motivos para uma total alegria e em troca receber parcial
valor, seja financeiro ou falta de reconhecimento da sua importância em todo e
qualquer contexto social.
Ainda,
ao tentar entender o porquê de haver alguns entraves, a exemplo da
desvalorização com essa classe, interroguei um dos responsáveis por essa triste
realidade, e recebi como resposta a pouca geração de renda do Município de São
Sebastião. No entanto, penso que esse pretexto tornou-se obsoleto, uma vez que
todos os anos são gastos milhares de reais com shows e eventos dispensáveis a
esse município. Sendo assim, o que mais vale: dançar até o amanhecer ou tornar
prioridade aquilo que realmente tem utilidade?
É evidente
que se trata de uma estratégia política, pois quanto mais os professores
destoarem da prática de sua formação, não exercendo um bom trabalho, visto que
a ele não se oferece um significativo valor e, quanto mais analfabetos, leigos
e desinformados estiverem em nossos meios, mais fácil será manipulá-los, gerando
assim ausência de autonomia. Dessa forma, é fato que no decorrer de sua
formação, os docentes são instigados a exercitar e praticar autonomia, mas
quando a exercem são ignorados, pois são conduzidos a se redimirem perante a
sociedade.
Em
minha opinião a remuneração pode não ser por si só a parte mais importante de
qualquer processo, porém é o mínimo que se pode atribuir a qualquer
profissional. A realização pessoal vem acompanhada de um conjunto de fatores,
seja amor pela profissão ou o sentimento de se estar realizado. Entretanto, devem-se ofertar subsídios aos
professores para que eles exerçam a sua função sem que venham se esvair da
prerrogativa de transformar o meio social em que atuam.
O professor ainda é responsável pela formação
intelectual do indivíduo, no entanto, no caso aqui mencionado, o Município
insiste em amarrá-lo ao bilro, impossibilitando-o, assim, de exercer a função
de transformar o meio social em que atua, projetando-o para um infinito com
fim, um fim predeterminado por aquele que se intitula capaz de determinar o que
para ele não passa de tarefa insolúvel, restando-lhe o exercício da hipocrisia
disfarçada de dever cumprido.
>José Ismair de Oliveira dos Santos - aluno
do 3º ano do ensino médio – Cursando Eletroeletrônica no
Instituto Federal de Alagoas (IFAL) – Campus Arapiraca.