(IN)EXISTÊNCIA
POR QUÊ?
Em tradução livre, certa feita, ouvi um gigantesco educador, Darcy Ribeiro, dizer que a qualidade ensinacional só se revolucionaria quando a população ou a própria família começasse a debatê-la como debate a qualidade de seu time de futebol ou mesmo do futebol em si.
Como sou um dos milhões de beneficiários do sistema ensinacional, focado por Darcy, lembro-me sempre dele e de sua fala, e de outros, como o nordestino, de Pernambuco, Paulo Freire, patrono da educação nacional, e Anísio Teixeira e Nise da Silveira, insigne alagoana, dentre outros e outras.
Para alguém não dizer que falei dos vivos e das vivas, rememorei mortas e mortos.
Mas vamos lá.
Que há vidas a defender.
Assim, nessa semana um emérito educador, assim não reconhecido pelas elites brasileiras, Luiz Inácio Lula da Silva, Doutor Honoris Causa, em inúmeras universidades, e Presidente da República brasileira pela 3ª vez, premiou 4.187 municípios, entregando-lhe o Selo Nacional Compromisso com a Alfabetização, na correta faixa etária educacional.
Na cerimônia, em Brasília, onde Prefeitos e Prefeitas gastaram mais que o que gastam em efetivos segmentos da educação infantil, o honoris causa disse-lhes em alto e bons tom e som que: “[...] se tem uma coisa que a gente não pode jamais ter medo de defender é a educação." E emendou: “Enquanto eu for Presidente da República, não vai faltar dinheiro para a gente recuperar a educação desse país."
Em sentidos paralímpico e olímpico, concedeu o prêmio em 3 categorias: ouro, prata e bronze. Entre os pódios olímpicos e paralímpicos, 533, foram bronze, 1.062, levaram prata e 2.592 ficaram com o ouro.
Parabéns a todas e a todos.
Mas...
Como já se esperava, iniciaram-se milhares de cochichos e de estranhos escritos que desinformam ou manipulam certas (in)consciências, situação que atingiu as longevas administrações são-sebastiãoenses em cheio, como as chuvas deste verão, inclusive, ocupou a casa deste atrevido escrevente.
E fiquei muito animado, quando em um buteco que frequento encontrei 1 pai e 1 avô comemorando a qualidade do ensino municipal. Perguntei-lhes o que realmente era e disseram que saiu no zap. A administração teria ganhado um prêmio pela qualidade da educação, aqui.
Mas percebi que não sabiam o certo o que comemoravam e os felicitava.
Achei estranho aquela aparente macabra festa e alegrias. A completa desinformação e a efetiva manipulação dos pensares.
O hilário era que eram 1 pai e 1 avô que até a penúltima eleição, em 2020, eram adversários eleitorais e, na última, em 2024, já eram correligionários eleitorais, quando as classes eleitorais de São Sebastião quase foram derrotadas, juntas, e apesar da dinheirama rolada.
No real, muito mais do que receberam alguns segmentos do sistema educacional municipal, juntos.
Entrei naquele contentamento e naquela conversa, e perguntei-lhes: “Fulano o seu filho está na creche e seu Sicrano a sua neta está no pré-escolar?”
Você, leitora ou leitor, e você que quer a universalização da educação infantil nesta Terra da Renda de Bilro e nem mesmo está com preocupação sobre a qualidade do ensino, acreditem: sinceramente, eu não esperava outras repostas.
Elas foram um envergonhado, mas sonoro “Não!”
Atônito e tomando a gelada cerveja, refleti e, em tumular silêncio, perguntei-me: “Se temos menos de 400 alunas e alunos, na creche, ou na 1ª etapa ensinacional, e menos de 950, na 2ª etapa, ou no pré-escolar municipais – ou um não temos sequer educação para todos e para todas - como debater a boa qualidade do ensino municipal?”
Daí as notas do Ideb 2,5; 3,5. 4,1; 4,8 e 4,8, num empate consigo mesmo, para ficarmos apenas nos últimos anos ou só nas 7 administrações do prefeito Zé Pacheco-Charles, sendo 6 delas contínuas. Seguidas…
E se pensarmos nas 3 administrações do prefeito Sertório Ferro... Atual aliado
do Zé Pacheco?
Sem resposta para mim mesmo, perguntei-lhes, na presença de outro Paulo: vocês conhecem filhos ou filhas e netas ou netos dos prefeitos e de vereadores e de vereadoras na creche ou no pré-ensino municipal?”
“Não!”, eis o triste bis, não conheciam.
“Mas netos e filhos deles não estudam...?”, provoquei.
“Estudam em escola particular”, respondeu-me o Sicrano, com a aquiescência de um balançar de cabeça do Fulano.
Enfim, ‘sem jamais desanimar’, paguei as 2 antárticas e fui-me...
Pensando como quebrar o silenciamento da alegria burlesca.
Em casa, na profunda e ótima noite de 10 de fevereiro, nada falei.
No entanto, escrevi o que você acabou de lê.
Pedro Henrique, meu neto, que Mateus o proteja.
>Produção: Ongue de Olho em São Sebastião
Contatos – Imeio: ongdeolhoss@bol.com.br – Blogue: onguedeolho.blogspot.com
Redação: Paulo Bomfim – Integrante da Ongue e Presidente do PT Municipal
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