quarta-feira, 10 de junho de 2020

‘ALAGOAS: ESTADO DOS FATOS I’


FAZER MEMÓRIA PRECISAMOS

Por isso, publico texto sobre algo marcante na vida da nossa família. Era um dia como o de hoje. Por volta das 4 horas da tarde, há 10 anos, alegremente, viajávamos para o histórico Penedo. Íamos visitar a tia Nicéia, irmã caçula de meu oitentão papai. Quando, em uma das retas da Rodovia AL-110, senti o carro rodar e, em segundos, estávamos de cabeça para baixo, dentro d'água, lama e tiborna.

Mas um outro, papai, o do Céu, nos ajudou e guiou as tuas mãos, Márcia Bomfim, soltando-me do cinto de segurança do carro, quando eu já me preparava para morrer e pensava "vamos morrer todos e todas". Papai já não falava mais.

Eu, Paulo Henrique, Mateus, Márcia e a pequena Mariana, de quem eu ouvia os gritos, "me tira daqui"; "me tira daqui"; Mateus, muito chorava, e Paulo Henrique perguntava: “estamos onde”; “estamos onde”. Saímos.

 Aliás...

Nos salvamos, com alguns ferimentos, em razão da baixa velocidade na qual trafegávamos. Com água pela cintura, sentia que meu pai e partir. Acho que para acalentar a alma minha, minha forte tia, irmã dele, no velório, disse-me: "se conforme, Deus veio buscá-lo prá ele, mas deixou vocês todos". 

Ainda convalescente, na porta de casa, minha comadre Josefa, madrinha da Mariana, brincando-se, alertou-me: "Viu, Ele não quis vocês agora não", referindo-se ao fato da nossa salvação daquela tragédia.

No Hospital Regional, em Penedo, lembro-me do jovem médico, dizendo-me: "É, ele já chegou em óbito". Respondi-lhe, "Sim, doutor, eu sabia".

Depois, uma senhora do Tabuleiro dos Pretos, sob as graças de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos, disse-me assim: "A morte veio atrás dele. Por isso, ela atravessou a pista da esquerda para a direita e o carro foi pru(sic) o outro lado, prá ele morrer em paz".

Realmente, desde aquela época, acredito que ele partiu e nesses 10 anos continua em Paz e nos tem dado muitas forças para resistir. 

 Até hoje, especialmente nesse período, sinto muitas lembranças daqueles momentos, pois meu papai partiu em uma chuvosa tardezinha de Corpus Christi, que, há 10 anos, era um 3 de junho, após me dizer pela manhã, lendo o Almanaque do Pensamento, que eu havia comprado para ele, na Banco do Argentino, em Arapiraca, "o Almanaque tá dizendo que hoje não é bom dia para viajar". 

Não acreditei no Almanaque do Pensamento, que eu tanto vendia, quando jornaleiro nas bancas "Parque" e, depois, na "Brito". Que saudade de ti, Belô.  

A seguir você poderá ler uma tragédia do dia a dia, que só perdeu para a Covid-19:


‘ALAGOAS: ESTADO DOS FATOS I’

No período de 04/04 a 11/04/2011, retornei ao Amazonas, especificamente ao Manaus. Na estada no município manauara e após 23 anos da 1ª visita, além de inúmeros outros fatos, li no jornal Acrítica uma matéria sobre a fiscalização das rodovias sob jurisdição nacional e que devem receber fiscalização da PRF (Polícia Rodoviária Federal). Conheci, então, a existência de um índice que trata de quantos quilômetros (Km) cada servidor civil da União, integrante do quando de pessoal da PRF, fiscaliza.

No AM, o índice da média da “malhar rodoviária federal”, fiscalizada por cada agente da PRF é de 0,05. São 55 policiais rodoviários federais para fiscalizar 1.079Km de rodovias. Na verdade não há fiscalização, pois “[...] a gente acaba só tomando conta de acidentes, em detrimento da fiscalização. Às vezes nem do acidente damos conta [...]”, disse um dos agentes entrevistados.

Em Belo Horizonte, Minas Gerais, onde também passo durante as férias empregatícias, o índice é de 0,14. São 825 agentes da PRF fiscalizando 5.973Km. As situações representadas pelo AM e por MG “não têm diferença alguma do restante do Brasil”, disse a Presidenta do sindicato da categoria de profissionais da PRF, segundo a matéria. Na matéria, também li o quadro geral da situação de todos os estados brasileiros.

E o Alagoas, como está? Para não fugir à regra de outros índices, pior do que Sergipe, que tem um índice de 0,40. O índice alagoano é de 0,21. São 160 agentes para fiscalizarem 775Km, segundo a matéria. E isto se não forem considerados os momentos de férias, reuniões administrativas, licenças, faltas, folgas etc. Entre todas as 27 unidades administrativas brasileiras, compostas por 26 estados e o Distrito Federal, o menor índice é o de Roraima:0,02; o maior é o de São Paulo:0,54.

Pois é!

A soma de fatores como a má qualidade das estradas, a falta de fiscalização, a imprudência de motoristas, a intensidade do tráfego, o aumento da frota, as más condições de veículos etc. resulta na “guerra” do trânsito brasileiro, que nos mais diversas modalidades de acidentes, vitima cerca de 80 mil famílias brasileiras, por ano, dentre estas, a deste autor, no Dia de Corpus Kristis, no ano passado, quando viajava pela rodovia AL-110, no trecho e no sentido São Sebastião-Penedo, após preparar a viagem de 18 companheiros e 5 companheiras para Manaus, que foram participar de um Encontro de Comunicadores Comunitários das regiões Norte e Nordeste.

José Paulo do Bomfim – texto escrito na noite de 10/04/2011, no Hotel Palace, na Praça da Matriz, Centro, Manaus, Amazonas, às margens do Rio Negro; josepaulobomfim@bol.com.br"

P.S.: Esta viagem foi maravilhosa, ou não, Márcia, Mateus, Paulo Henrique e Mariana?. Ah! A boneca da Mariana anda de táxi até hoje, acredito.

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