FAZER MEMÓRIA PRECISAMOS
Por isso, publico texto sobre algo marcante na vida da nossa
família. Era um dia como o de hoje. Por volta das 4 horas da tarde, há 10 anos,
alegremente, viajávamos para o histórico Penedo. Íamos visitar a tia Nicéia,
irmã caçula de meu oitentão papai. Quando, em uma das retas da Rodovia AL-110,
senti o carro rodar e, em segundos, estávamos de cabeça para baixo, dentro
d'água, lama e tiborna.
Mas um outro, papai, o do Céu,
nos ajudou e guiou as tuas mãos, Márcia Bomfim, soltando-me do cinto de
segurança do carro, quando eu já me preparava para morrer e pensava "vamos
morrer todos e todas". Papai já não falava mais.
Eu, Paulo Henrique, Mateus, Márcia e
a pequena Mariana, de quem eu ouvia os gritos, "me tira daqui";
"me tira daqui"; Mateus, muito chorava, e Paulo Henrique perguntava: “estamos
onde”; “estamos onde”. Saímos.
Aliás...
Ainda convalescente, na porta
de casa, minha comadre Josefa, madrinha da Mariana, brincando-se, alertou-me:
"Viu, Ele não quis vocês agora não", referindo-se ao fato da nossa
salvação daquela tragédia.
No Hospital Regional, em Penedo,
lembro-me do jovem médico, dizendo-me: "É, ele já chegou em óbito".
Respondi-lhe, "Sim, doutor, eu sabia".
Depois, uma senhora do
Tabuleiro dos Pretos, sob as graças de Nossa Senhora do Rosário dos Pretos,
disse-me assim: "A morte veio atrás dele. Por isso, ela atravessou a pista
da esquerda para a direita e o carro foi pru(sic) o outro lado, prá ele morrer
em paz".
Realmente, desde aquela época, acredito
que ele partiu e nesses 10 anos continua em Paz e nos tem dado muitas forças
para resistir.
Até hoje, especialmente nesse
período, sinto muitas lembranças daqueles momentos, pois meu papai partiu em
uma chuvosa tardezinha de Corpus Christi, que, há 10 anos, era um 3 de junho,
após me dizer pela manhã, lendo o Almanaque do Pensamento, que eu havia
comprado para ele, na Banco do Argentino, em Arapiraca, "o Almanaque tá
dizendo que hoje não é bom dia para viajar".
Não acreditei no Almanaque do
Pensamento, que eu tanto vendia, quando jornaleiro nas bancas
"Parque" e, depois, na "Brito". Que saudade de ti, Belô.
A seguir você poderá ler uma
tragédia do dia a dia, que só perdeu para a Covid-19:
‘ALAGOAS:
ESTADO DOS FATOS I’
No
período de 04/04 a 11/04/2011, retornei ao Amazonas, especificamente ao Manaus.
Na estada no município manauara e após 23 anos da 1ª visita, além de inúmeros
outros fatos, li no jornal Acrítica uma matéria sobre a fiscalização das
rodovias sob jurisdição nacional e que devem receber fiscalização da PRF
(Polícia Rodoviária Federal). Conheci, então, a existência de um índice que
trata de quantos quilômetros (Km) cada servidor civil da União, integrante do
quando de pessoal da PRF, fiscaliza.
No AM,
o índice da média da “malhar rodoviária federal”, fiscalizada por cada agente da
PRF é de 0,05. São 55 policiais rodoviários federais para fiscalizar 1.079Km de
rodovias. Na verdade não há fiscalização, pois “[...] a gente acaba só tomando
conta de acidentes, em detrimento da fiscalização. Às vezes nem do acidente
damos conta [...]”, disse um dos agentes entrevistados.
Em Belo
Horizonte, Minas Gerais, onde também passo durante as férias empregatícias, o
índice é de 0,14. São 825 agentes da PRF fiscalizando 5.973Km. As situações
representadas pelo AM e por MG “não têm diferença alguma do restante do
Brasil”, disse a Presidenta do sindicato da categoria de profissionais da PRF,
segundo a matéria. Na
matéria, também li o quadro geral da situação de todos os estados brasileiros.
E o Alagoas, como está? Para não fugir à
regra de outros índices, pior do que Sergipe, que tem um índice de 0,40. O
índice alagoano é de 0,21. São 160 agentes para fiscalizarem 775Km, segundo a
matéria. E isto se não forem considerados os momentos de férias, reuniões
administrativas, licenças, faltas, folgas etc. Entre todas as 27 unidades
administrativas brasileiras, compostas por 26 estados e o Distrito Federal, o
menor índice é o de Roraima:0,02; o maior é o de São Paulo:0,54.
Pois é!
A soma
de fatores como a má qualidade das estradas, a falta de fiscalização, a
imprudência de motoristas, a intensidade do tráfego, o aumento da frota, as más
condições de veículos etc. resulta na “guerra” do trânsito brasileiro, que nos
mais diversas modalidades de acidentes, vitima cerca de 80 mil famílias
brasileiras, por ano, dentre estas, a deste autor, no Dia de Corpus Kristis,
no ano passado, quando viajava pela rodovia AL-110, no trecho e no sentido São
Sebastião-Penedo, após preparar a viagem de 18 companheiros e 5 companheiras
para Manaus, que foram participar de um Encontro de Comunicadores Comunitários
das regiões Norte e Nordeste.
José Paulo do Bomfim – texto
escrito na noite de 10/04/2011, no Hotel Palace, na Praça da Matriz, Centro, Manaus,
Amazonas, às margens do Rio Negro; josepaulobomfim@bol.com.br"
P.S.: Esta viagem foi maravilhosa, ou não, Márcia, Mateus, Paulo Henrique e Mariana?. Ah! A boneca da Mariana anda de táxi até hoje, acredito.
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