Para combater
mentiras, pretextos, subterfúgios e outras manhas.
A Ongue de olho em São Sebastião foi criada em
19 de maio de 1993 e desde lá desenvolve diversas lutas, que neste texto não
vão ser relatadas, pois conhecidas por muita gente que pratica a busca ativa da
informação.
Uma dessas lutas foi legalizar uma RadCom
(rádio comunitária), que foi denominada de Salomé FM e que atualmente transmite
na frequência 105,9 MHz. Antes, transmitiu em 104,9 MHz.
A denominação Salomé são homenagens ao
anterior nome deste município de São Sebastião e à bíblica Salomé, que na sua
época sempre lutava para construir a visibilidade da mulher e, no contexto
histórico, conseguiu.
Como marco histórico, a RadCom começou a
funcionar em 19 de maio de 1995. Algo que causou grande “espanto”, pois com a
chegada da RadCom, se descobriram vários fatos e atos que estavam silenciados e
não tematizados.
Naquela época, a RadCom é era uma caixa
acústica e realizava as suas transmissões de forma itinerante, pois a RadCom
(caixa acústica) era carregada pelos apresentadores e instalada (“armada”) na
rua São Paulo e em outras diversas ruas, além das praças: Senador Rui Palmeira,
“Meu ‘Padim Pade Ciço’”, ambas no Centro, Barroca, no Alto Cruzeiro, da
Carroça, no Peroba, e no Rancho Alegre.
Naqueles tempos, a equipe da RadCom era
confundida com algum tipo de movimento religioso. Eram comuns as perguntas com
essa semelharança: “De qual igreja vocês são?”, “Vocês são crentes?” Como a mãe
de um dos organizadores da RadCom é praticante de um segmento das religiões
afro-brasileiras, a Umbanda, e a equipe era amiga do “seu Zé Pedro”, um outro
bem conhecido praticante da retrorreferida religião, no segmento Candomblé, que
residia e tinha terreiro no povoado Bicas, algumas pessoas perguntavam “Vocês
pertencem a qual terreiro?”.
A RadCom ou caixa acústica transmitia sua
programação praticamente como transmite hoje, só que para quem ia ao local onde
ela estava “instalada”, pois não era sintonizada em nenhum aparelho de rádio.
Esse não-sintonizar ou não “pegar” levava a
alguns questionamentos: “Isso não é rádio, pois não ‘pega’ em rádio nenhum!”.
Outros mais sem conhecimento ficavam a mangar. Alguns já preocupados com a
exposição que a RadCom promovia, tentavam desqualificar os trabalhos, dizendo “aquilo
é um bando de doidos!”. Muitos diziam querer fazer um programa, mas advertiam;
“não vou falar mal do prefeito”, que não pagava o salário mínimo e no
“hospital” só tinha seis leitos ou camas. Uma outra chegou a dizer: “A minha
rua é só lama, mas não vou reclamar!” e, apesar de apresentar programa por um
bom tempo, realmente nunca reclamou e até elogiava o prefeito de então.
Naqueles tempos a professora Arlete, que
lutava para chegar ao governo municipal, fazia muitos elogios à atuação dos
comunicadores e das comunicadoras, e proclamava a todos os pulmões: “tem que
‘denunciar’ mesmo!”.
Com muita luta, os modestos equipamentos de
uma RadCom foram comprados pela Ongue, no início de 1998, na Apel, em Campina
Grande, Paraíba.
Assim, a partir de 19 de maio de 1998 a
transmissão – ou a programação - passou a ser sintonizada – ou a pegar – em
aparelhos de rádio. E a luta pelas dificuldades da burocracia continuou, por
mais de 10 anos. E a luta continua, só que agora para mantê-la funcionando e
legalizada. O nosso maior desafio é manter-se em funcionamento sem depender da
classe política-eleitoral.
De lá para cá, são apenas duas diferenças básicas.
Realmente, a programação era mais reivindicatória, debatedora e emancipatória.
Tinha como sul de seu atuar a concreta promoção e a efetiva defesa dos direitos
humanos.
Descobria-se, então, que a maioria da
população não sabia o significado da expressão “direitos humanos”. Inclusive
gente bem escolarizada e com forte responsabilidade religiosa, ciente do
conceito, preferia deturpá-lo.
Alguém chegou a dizer “que não precisava pagar
o salário mínimo porque empregada doméstica comia demais”, em debate promovido
pelo Partido dos Trabalhadores na Câmara Municipal. Por exemplo, queria-se ter
empregada doméstica, mas não pagar o salário mínimo, como ainda hoje acontece
em diversos casos.
Em virtude dessas promoção e defesa dos
direitos humanos, em especial, dos direitos sociais, a RadCom passou a ser
conhecida como “Rádio do PT!”.
Muita gente não conseguia nem perceber que a
RadCom era uma das ações desta Ongue, que sempre deixava e deixa isso muito claro.
Enfim, era uma diferença de concepção político-libertadora.
A outra diferença era operacional. Agora a
RadCom já “pega” em todos os rádios, apesar de suas ondas eletromagnéticas
alcançam uma pequena porção do território municipal, em razão da sua baixa torre
de 11 metros, quando poderia ser de 30 metros. Mas nos falta condições
financeiras para aumentar a metragem da torre.
Legalizar uma RadCom é um calvário a cumprir
nos meandros da burocracia. Todas e todos sabem disso! É uma luta que envolve
três instituições do Estado nacional. Dois poderes: Executivo (Ministério das
Comunicações e a Presidência da República) e Legislativo (Câmara Nacional e
Senado). E um órgão da administração indireta, a Anatel (Agência Nacional de
Telecomunicações).
Tanto que a RadCom São Sebastião – além de
outras: Trovão, Gado Bravo, Educacional etc. - que foi colocada em
funcionamento por volta de julho de 1998 pelo grupo que estava e está no
Executivo e no Legislativo (os pachecos) – e também parte que saiu e está nas
oposições - inclusive, inclusive usando servidores municipais para atuarem na
RadCom, não conseguiu a “legalização” e a RadCom foi fechada pela Anatel.
A RadCom São Sebastião ou a Associação Nossa
Senhora da Penha está sendo cobrada judicial, estando em tramitação nesta
Comarca três processos de execução fiscal.
Para não encompridar muito a história, vamos
passar a relatar os fatos que fundamentam o presente escrito, que tem por
objetivo (re)estabelecer a verdade, percebida por quase todos e todas, e também
não-percebida por alguns poucos.
Na eleição de 2012, em reunião na Justiça
Eleitoral, a situação disse que a RadCom Salomé FM estava irregular e, por isso,
não poderia transmitir a obrigatória propaganda eleitoral. Uma mentira só, que,
infelizmente, àquela época, não foi prontamente desmentida por esta Ongue.
A oposição calada participou daquela reunião e
muda dela saiu. Estranhamente, a desculpa da então única oposição foi que a
Coordenação da Campanha não tinha conhecimento sobre o funcionamento da RadCom,
apesar das várias entrevistas lá já feitas com integrantes dos dois grupos
político-eleitorais.
Em verdade, utilizando-se de evidente
conchavo, apesar dos aparentes brigamícios, não fizeram a obrigatória e a
gratuita propaganda eleitoral porque realmente não quiseram.
Assim, a população e, especialmente, o
eleitorado ficou sem ter o seu direito político-eleitoral respeitado pela
classe política deste Município, então dividida em dois grupos eleitorais.
Nestas eleições de 2016, apenas parte da
estória se repetirá. Essa estória de que a Justiça Eleitoral “não deixou fazer
a propaganda” é apenas mais uma recontada mentira para continuar-se a enganar a
sofrida população. No entanto, existem indicativos de que essa má estória já
parou, após a Radcom questionar em sua programação a sua veracidade da mesma e
já chamar a atenção da população para essa nova mentira.
Mas...
Agora a verdade vem à tona.
A história ora contada, com imensa certeza,
desagradará a pessoas que, há muito, não cumprem a legislação, sob vários
aspectos que não irão ser reproduzidos aqui, inclusive a legislação eleitoral
e, mais especificamente, a Lei Eleitoral Nacional nº9.504, de 30 de setembro de
1997, e a Resolução Eleitoral do TSE (Tribunal Superior Eleitoral)
nº23.457-2015.
Nesse 2016, com outros pretextos, subterfúgios
e artimanhas a velha situação agora diz que não faz a obrigatória e a gratuita
propaganda eleitoral porque a rádio não “pega” em todos os povoados.
Mas...
Será que a administração já se preocupou
alguma vez com todos povoados? Quais e quantas benfeitorias foram realizadas em
cada um deles? As administrações construíram creches ou pré-escolares
municipais, por exemplo?
As duas oposições de agora para não ficarem no
feio silêncio, como antes, “concordaram” com o desrespeito e você, eleitor ou
eleitora, bem como a população em geral, mais uma vez, teve os seus direitos
políticos-eleitorais violentados por candidatos a prefeito, vice-prefeito e
vereadores, mas que terão a “coragem” de ir à sua casa, para mesmo sem
concretas e efetivas propostas, pedirem o seu voto.
Quando aceitaram o convite verbal – ou até tomaram
a própria iniciativa – para irem à RadCom não se lembraram que ela não “pegava”
em todos os povoados. Foram e repetiram, repetiram e até lá disseminaram
mentiras deslavadas, infelizmente. Inclusive, o posterior agir de alguns
desmentiu as próprias falas e o levou para os meandros da corrupção político-eleitoral.
Percebeu como a “mentira tem as pernas curtas”
e como a desfaçatez pode ser bem sutil e tornar-se quase imperceptível a
maioria do eleitorado e mesmo da população?
Mas...
Será que gentes bem escolarizadas também se
deixaram enganar ou fazem parte do engano? Qual texto bíblico, aqui poderia ser
aplicado?
Em verdade, na eleição de 2008, haviam dois entendimentos
quanto à RadCom poder veicular a obrigatória e a gratuita propaganda eleitoral,
posto estar “irregular”, pois desde 1998, o Poder Executivo, via o MiniCom
(Ministério das Comunicações) e a Presidência da República, e o Congresso
Nacional, por intermédio da Câmara e do Senando, não haviam cumprido com as
suas respectivas obrigações de análise do processo de outorga.
Um entendimento, dizia que poderia transmitir
sim, pois a RadCom estava em pleno funcionamento e não provocava nenhum
prejuízo à população e especialmente ao eleitorado. Ao contrário, beneficiava,
pois possibilitava ao eleitorado conhecer as propostas de cada candidatura.
Inclusive, poderia até ser punida pela Justiça Eleitoral, se durante a
veiculação não obedecesse às normas eleitorais. Outro entendimento dizia que
não poderia. Enfim, havia realmente uma dúvida.
No entanto, em 18-11-2008, a rádio foi
autorizada pelo MiniCom e, portanto, tornou-se “legalizada”, após mais de 10
anos e 6 meses de aflição.
Por conseguinte, a propaganda na eleição de
2012 poderia, sim, ter sido feita. Não foi porque as coligações daquela época
não quiseram, mas também não quiseram assumir essa responsabilidade e, para
tal, usaram argumentos enganativos para o eleitorado e para a população.
Desde que foi autorizada, a Salomé manteve-se
legalizada. Tanto que sofreu diversas fiscalizações da Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações) e só sofreu uma já paga multa, em 2014, por irregularidade
na antena, que foi trocada de “monopolo vertical” para “dipolo vertical”, sem
autorização do MiniCom, como exige a norma e a alteração do projeto básico e do
relatório de conformidade.
Moral da história: nas eleições de 2012 e
nestas de 2016, as candidaturas, da situação e das oposições, não fazem a
obrigatória e a gratuita propaganda eleitoral porque não querem se expor.
Faltam-lhes propostas realizáveis. Sem a propaganda pública e massificada, fica
bem mais fácil fazer promessas enganosa, pois localizadas e às escondidas.
Não se iluda! Com certeza, não é por a RadCom
Salomé não abranger ou “não pegar” em todo o Município que a propaganda não
será feita. O verdadeiro motivo é, claramente, outro, mas sobre ele os
candidatos silenciam por completo.
A não realização da propaganda eleitoral –
claro – tem outro porquê: como em 2012, um grande desrespeito ao eleitorado. A
diferença agora é que dessa vez a versão verdadeira vem à tona e todos e todas já
estão sabendo ou saberão.
Em verdade, dura e crua, mais uma vez, os
candidatos lhes desrespeitam e lhes retiram o nosso direito político-eleitoral
do ouvir as propostas político-administrativas de cada uma das candidaturas.
Possivelmente, porque não as tenham. Como
dizer à população e, no particular, ao eleitorado como irão resolver os
diversos problemas desde Município?
Convenhamos, não são poucos!
A situação diz que não os resolve porque os
dinheiros não dão, não é isto? Só não comprova e não explica o que faz com
tantos dinheiros municipais. Mas, durante a eleição, se perceberá, pois os
dinheiros aparecerão.
São Sebastião é um dos municípios que mais
recebe dinheiros dos governos, Nacional e Estadual, além da sua própria
arrecadação, como a Salomé tem divulgado. Os dinheiros são tantos que a
administração e a Câmara os escondem e nem mesmo as oposições os divulgam.
Inclusive já foi divulgado pela Ongue quanto o
Município deverá receber em 2017, considerando-se os valores já recebidos em
2015 e 2016.
Com os dinheiros que virão, no âmbito da
repartição tributária e de outros repasses legais, vão contratar todas as
pessoas concursadas? Irão aumentar os salários dos servidores municipais, em
qual percentual? Irão editar o plano de cargos e carreira? Respeitarão o
dinheiro do Ipam? Praticarão a transparência político-administrativa?
Qual dos candidatos darão acesso à
documentação municipal à população ou a qualquer pessoa ou entidade?
Os procedimentos licitatórios serão corretos e
terão transparência?
A prática de elaboração das leis orçamentárias
sem a realização das audiências públicas será abandonada?
Nesse período, inclusive o orçamento ou a
divisão dos dinheiros municipais para 2017, que será utilizada por qualquer dos
eleitos, já está em realização em algum caro escritório. E não como manda a
lei, em audiências públicas.
O que cada candidatura acha disso?
Eis algumas perguntas, que, aparentemente, não
têm respostas das candidaturas?
Portanto, com quais ações
político-administrativas e político-legislativas, bem como e com quais
dinheiros as candidaturas pretendem e se comprometem melhorar as sofridas
condições de vida da população deste Município de São Sebastião?
Enfim, o não cumprimento da legislação
eleitoral e a não-veiculação da obrigatória e da gratuita propaganda eleitoral
pelos candidatos é a sutil, mas percebida, maneira de fugirem das respostas que
a população quer ouvir.
Por fim, se você não quiser tornar-se um
eleitor ou uma eleitora simplesmente enganado ou enganada, peça logo a cada
candidato a escrita proposta de governo - que é o comprometimento dele - até
porque, via propaganda radiofônica, já sabemos que não a ouviremos.
Se você se omitir e não exigir a proposta
político-administrativa, não poderá depois reclamar ou se dizer ludibriado ou
ludibriada mais uma vez pelos candidatos.
>Produção: Ongue de Olho em São Sebastião
Contatos – Imeio: ongdelhoss@bol.com.br – Blogue:
onguedeolho.blogspot.com
Redação: Paulo Bomfim – Conselheiro de Controle Social em São Sebastião
e integrante da Ongue
Data: 31-08-2016 – Atualizado em 06-09-2016
Parabéns.
ResponderExcluirIsto é uma questão de vergonha.
E ser de Classe, para a comunidade em sociedade.
Forte abraço,
Paula, você e Forte e polivalente.
Abraço.
Bj ad fãs.
Promotor Executivo.
Paulo Barbosa.