Desde
que o recebimento de altos salários por juízes paranaenses foi divulgado,
jornalistas passaram a ser perseguidos, inclusive, com a entrada de diversos
processos em locais diversos, como forma de dificultar a defesa dos mesmos.
Esses
fatos foram debatidos em São Paulo, durante a realização do 11º Congresso
Internacional de Jornalismo Investigativo, promovido pela Abraji (Associação
Brasileira de Jornalismo Investigativo). Uma das palestrantes foi a ministra do
judiciário, Cármem Lúcia, que disse: “Ataque a jornalistas
mudou conceito de censura judicial, diz Cármen Lúcia
O caso dos juízes que estão processando jornalistas
no Paraná, após terem seus salários divulgados em reportagens, mudou o conceito
sobre censura judicial no Brasil, opina a ministra Cármen Lúcia, do STF; ela
destaca que, até então, a censura judicial tratava-se de liminares concedidas
por juízes para impedir a publicação de determinadas notícias; agora, com o
novo caso, os juízes passaram para o polo ativo do processo; "Fico
preocupada se essas ações buscam criar um lugar no espaço público onde jornalistas
não poderiam entrar", afirmou.
Por Marcos de Vasconcellos, do Conjur - O caso dos juízes que
estão processando jornalistas no Paraná,
após terem seus salários divulgados em reportagens, mudou o conceito sobre
censura judicial no Brasil. A opinião é da ministra Cármen Lúcia, do
Supremo Tribunal Federal, que palestrou para jornalistas em São Paulo nesta
sexta-feira (24/6).
Cármen explicou que, até então, a censura judicial
tratava-se de liminares concedidas por juízes para impedir a publicação de
determinadas notícias. Agora, com o novo caso, os juízes passaram para o
polo ativo do processo.
"Fico preocupada se essas ações buscam criar
um lugar no espaço público onde jornalistas não poderiam entrar", afirmou
Cármen Lúcia. Isso porque, diz ela, as notícias em questão listavam os salários
dos juízes, que são servidores públicos.
Cármen discursou no 11º Congresso
Internacional de Jornalismo Investigativo, organizado pela Associação
Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) em São Paulo. A plateia era
composta de cerca de 300 jornalistas e estudantes; no palco com a ministra,
estava a jornalista Míriam Leitão.
Questionada sobre as gravações usadas na operação
"lava jato" com políticos dizendo que tinham ministros
"garantidos" no Supremo, a ministra foi direta: "Há blefe o
tempo todo". Ela afirma que esse tipo de discurso é algo quase corriqueiro
entre advogados, que querem convencer seus clientes de seus poderes.
"Como ser humana, eu sou muito grata, mas,
como juíza, sou de uma ingratidão total", disse, afirmando que a
estratégia trata-se de venda de fumaça. "Ninguém tem a audácia de chegar a
um juiz e dizer que quer isso ou aquilo desse ou daquele jeito. A primeira
atitude de um juiz ao se deparar com isso será criminalizar, será denunciar a
tentativa de cometimento de um crime."
"Os juízes podem ser vendidos, só não podem
ser comprados", brincou. A ideia, diz, é que não há como evitar o blefe
por advogados e políticos. "Há juízes no Brasil, e o cidadão brasileiro
pode dormir tranquilo."
Cármen Lúcia também ressaltou o fato de o Brasil
ainda não conseguir lidar com a corrupção nos diversos níveis
administrativos. "O Brasil engole um elefante e engasga com a
formiga. É um país que consegue fazer um impeachment, mas não tira o
vereador da cidadezinha do interior que todo mundo sabe que é corrupto. Isso
mostra que as instituições estão funcionando, mas a cidadania precisa fazer sua
parte."
Em um discurso que louvou a imprensa, a ministra
afirmou que o papel da mídia no Brasil ganha mais importância por causa da
pouca educação. "Diferente de sociedades onde a educação formal é para
todos. Por isso, a importância da liberdade de imprensa no artigo
5º é ainda maior."
Questionada sobre como será a sua atuação como
presidente do Supremo, Cármen Lúcia evitou falar sobre isso: "Próximo
capítulo: em setembro".”
http://www.brasil247.com/pt/247/parana247/240234/Ataque-a-jornalistas-mudou-conceito-de-censura-judicial-diz-C%C3%A1rmen-L%C3%BAcia.htm
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