sábado, 10 de fevereiro de 2024

POR QUE MENOS CASAS, ESCOLARIZAÇÃO ETC. E MAIS CARNAVAL?

Nesse último dia, dessa 2ª semana de fevereiro, Sábado de Zé Pereira, folião que seria português, mas de incerta existência, apesar de já celebrado no início do século 20 (1920), no Município Belém do São Francisco, no Sertão Pernambucano, o artesão Gumercindo Pires, inspirado nas festas da Espanha e de Portugal, que têm grandes bonecos, reproduziu lá um enorme boneco, que nesses “104 anos de história tornou-se Patrimônio Cultural Imaterial de Pernambuco”.

Atualmente, tanto nas ruas do seu Município de origem como nas ruas de Olinda e do Recife, gigantes bonecos desfilam com grande sucesso de público.

Em casa, fazia algumas reflexões sobre essas nossas atualidades.

Além de poucas cervejinhas e de duas tacinhas de vinho, em busca ativa na internete e nas parciais releituras dos livros: “A Riqueza e a Pobreza” nos “sermões do ‘Boca de Ouro’ São João Crisóstomo”, do “Cova 312”, da excelente jornalista investigativa, Daniela Arbex, e do “Breve Curso de Doutrina Social” da Igreja Católica, complemento, de Bartolomeo Sorge, percebia que até o “igual”, o “solidário”, o “divertido”, o “liberal”, o “justo”, o “libertino” etc. o Carnaval sofre os efeitos da exacerbação dos atuais conflitos humanos entre as classes trabalhadoras, sociais e financeiras.

Refletindo sobre os tais conflitos “financeiros e orçamentários”, e, por que não sociais, tentava imaginar como pode maceioenses, que, para além das belas e não tão cuidadas praias, passivamente aceitavam o gasto de cerca de R$8 milhões, em cerca de 2 horas ou 60 minutos - ou só mesmo em 5 minutos, tornando-os, talvez, os minutos mais caros do planeta, no mundo cultural, pois cada um desses minutos custarão R$66 mil, R$666 reais e R$67 centavos (R$66.666,67). 

Eis o sumido dinheiro de uma boa casa em São Sebastião. Aliás, no seu total, se construiriam 120 habitáveis casas em São Sebastião e não só se acabaria com o triste esqueleto de o que seriam 50 casas no Conjunto Habitacional 28 de Julho.

Ou mesmo de 6 imensas creches, que a maioria dos 102 municípios alagoanos não comportaria. Para se ter uma ideia: uma creche, segundo a placa lá então existente, de “alto padrão”, em São Sebastião, iria custar R$1 milhão e R$400 mil reais.

Mas, infelizmente, também se tornou esqueleto, pois o dinheiro também sumiu e até nesse Zé Pereira nem justiças, ministérios públicos, tribunais de contas, controladorias internas etc. e nem a empobrecida população deram efetivas resposta aqui, no interior, e lá, na capital.

Como já estou na infância do envelhecimento (66 23 de julhos), resolvi buscar alguma resposta para a imensa omissão ou “deixa prá lá” dessa faixa etária, também enormemente desconsiderada, e não só no Carnaval, mas não a obtive, apesar dos muitos considerando existentes.

Mas...

Na versão digital de o jornal “Estado de Minas”, no qual iniciei minhas atividades profissionais, urbanas, lá nos meados dos anos setenta, encontrei algo que pode oferecer algum sulear, apesar de, no meu sentir, não claramente identificar os responsáveis pela “dualidade” e pela má “qualidade de vida” a nós impostas.

Seria coisas da academia...?

Ei-lo:DUALIDADE DO ENVELHECIMENTO: CLASSE SOCIAL E QUALIDADE DE VIDA

Todos merecem acesso igualitário à saúde, à dignidade e a relações significativas.

A interrelação existente entre classe social e envelhecimento é complexa e nem sempre muito clara. Esta conexão tem implicações para a compreensão de como diferentes segmentos da sociedade experimentam o processo de envelhecimento.

É essencial reconhecer essa interação para que nós, por um lado, por meio do apoio; e o governo, por meio de políticas públicas, desenvolvamos ações com o objetivo de melhorar a qualidade de vida para aqueles que estão enfrentando o processo de amadurecimento com menos recursos que outros de nós.

O envelhecimento é uma realidade biológica e nenhum de nós está livre dela. No entanto, a velocidade e forma como esse processo se manifesta podem variar de modo significativo de indivíduo para indivíduo. Qual de nós nunca se deparou com pessoas de idades assemelhadas, mas que apresentam um processo de envelhecimento completamente diferente?

Temos o hábito de achar que o que define nosso envelhecimento é a idade cronológica, no entanto, essa concepção é enganosa. Pesquisas recentes demonstram que mais determinante para nosso envelhecimento são questões socioeconômicas.

Uma pesquisa publicada no Journal of Health and Social Behavior apontou que o acesso diferenciado a cuidados de saúde de qualidade é uma realidade em muitas nações e que indivíduos de classes sociais mais baixas têm menor probabilidade de receber tratamentos médicos adequados e, consequentemente, apresentam uma incidência mais alta de doenças crônicas, o que pode acelerar o processo de envelhecimento.

Mas não é só isto! O estilo de vida é também um determinante-chave para o envelhecimento saudável. Infelizmente, a capacidade de manter hábitos saudáveis pode ser severamente restringida pela classe social. Um outro estudo, agora do American Journal of Public Health, ressaltou como indivíduos de classes mais baixas frequentemente têm acesso limitado a alimentos mais saudáveis, mais frescos e mais nutritivos.

E não precisamos ter dúvidas que esta falta de acesso tem implicações diretas na saúde e no modo como o processo de envelhecimento se desenvolve em cada um de nós.

Um outro ponto determinante para a saúde é a presença de interações reais e virtuais na vida das pessoas em processo de amadurecimento. Estas conexões interpessoais são responsáveis pelo bem-estar físico e psicológico.

No tocante à saúde mental, as redes sociais permitem interações que na realidade nem sempre são tão fáceis de acontecer; já em relação à saúde física, as redes sociais de apoio podem incentivar comportamentos saudáveis, dar suporte em caso de doenças e até mesmo socorrer a tempo em caso de emergência. Quanto maior a rede de apoio, maior a chance de uma vida mais saudável.

O acesso equitativo a cuidados de saúde de qualidade, um ambiente limpo e seguro, e a capacidade de cultivar e manter relações interpessoais significativas são direitos humanos fundamentais e não privilégio reservado a uma elite.

Em uma sociedade verdadeiramente progressista e compassiva, como é a que esperamos construir, todos os indivíduos, independentemente de sua classe social, deveriam ter as mesmas oportunidades de envelhecer com dignidade, saúde e alegria.

Devemos reconhecer que o envelhecimento com qualidade de vida é tanto um desafio pessoal quanto uma questão social coletiva, pois, no fim das contas, o verdadeiro teste para uma sociedade é como ela cuida dos seus membros mais vulneráveis.”

Por professora doutora Juraciara Vieira Cardoso

https://www.em.com.br/colunistas/vitalidade/2024/02/6801631-dualidade-do-envelhecimento-classe-social-e-qualidade-de-vida.html

>Redação do fora entre aspas: Paulo Bomfim

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