sábado, 25 de fevereiro de 2023

INTRANSPARENTES CONTINUAM AS CÂMARAS MUNICIPAIS

 APESAR DA MÁ AVALIAÇÃO

dos portais delas na internete, informa o Ministério Público Estadual.

A essa conclusão se chega pela leitura e análise do relatório da avaliação dos
portais de transparência das 102 câmaras municipais. 

Esta matéria é uma atualização da matéria anterior: COMO SABIDO E RECLAMADO, CÂMARAS MUNICIPAIS SÃO INTRANSPARENTES E ASSIM CONTINUAM AO NÃO CUMPRIREM A LEGISLAÇÃO., publicada no blogue deste Foccomal em: http://fcopal.blogspot.com/2018/11/como-sabido-e-reclamado-camaras.html e publicizada nas redes sociais.

Os poderes legislativos municipais recebem e gastam muito dinheiro municipal, mas não fazem a prestação de contas e praticamente todas as 102 câmaras não cumprem a própria Lei Orgânica Municipal (Lom) que aprovaram, promulgaram e publicaram.

Mas não a publicizaram e a população fica na desinformação.

Das 102 câmaras municipais apenas 7 delas tiveram o respectivo portal de transparência classificado como "desejado". 

As 7 tiveram 80 ou mais pontos, sendo que a Câmara de Piaçabuçu, na região do Baixo São Francisco, foi a campeã.

Na avaliação, o histórico e pequeno Município do Baixo São Francisco obteve 94,5 pontos, em 100 pontos possíveis.

As 7 compõem o 1º grupo, o "Desejado".

Todas as outras demais 95 câmaras ficaram a desejar, mesmo tendo bastante dinheiro para criarem e manterem o respectivo portal de transparência.

O portal da transparência é obrigatório há décadas. Mas a sua existência e a necessidade de ser "desejado" não recebem maiores fiscalizações do Tribunal de Contas Estadual (TCE), que tem a atribuição de julgar a (in)correção das contas prestadas a cada ano.

Daí, muita gente entender e dizer que o TCE não deveria existir, pois só “consome milhões” dos empobrecidos alagoanos.  

A prestação de contas de cada câmara alagoana é uma das chamadas contas de gestão. Como contas de gestão, elas recebem julgamento do TCE-AL. Praticamente ninguém sabe e conhece os teores desses julgamentos.

Entre as 95 câmaras que ficaram a desejar, 23 delas têm transparência em grau "moderado", variando entre melhores e piores nessa moderação. As 23 compõem o 2º grupo, o "Moderado". 

Essas 23 ficaram entre 70,5 (Teotônio Vilela) e 79,5 (Girau do Ponciano) pontos. 

A surpresa fica a cargo de pequenos municípios, como Pindoba, na região do Vale do Paraíba, Pariconha, no Alto Sertão alagoano.

28 das 102 câmaras têm portal com "Insuficiente" transparência. Dentre elas a de São Sebastião, na região Agreste do Estado, com cerca de 32 mil habitantes. 

A Câmara são-sebastiãoense obteve apenas 53,0, ficando em antepenúltima colocação no 3º grupo, só ganhando das de Jacuípe e de Matriz do Camaragibe, ambas na região Norte do Estado. Em 2018, a arrecadação total foi de R$90.017.784,61 e o custo da Câmara foi de R$2.141.906,52 ou 2,38%. Isto deu R$164.762,04, por ano para cada vereador. Mas não se sabe como esse alto dinheiro foi e está sendo gasto, pois a população não tem acesso à prestação de contas da Câmara.

A Câmara de São Sebastião terá em 2019, uma dotação orçamentária de R$3.017.217,00 ou R$232.093,62, por cada vereadora e vereador, no ano, segundo estudo divulgado durante o 13º Curso de Noções de Orçamento Municipal (13ºCom), após análise do pLOA-2019 [projeto da Lei Orçamentária Anual (ou Orçamento Municipal)] para o próximo exercício.

O estudo foi elaborado por cercar de 7 entidades da sociedade daquele Município do Agreste alagoano.

Em 2017, o gasto total da Câmara são-sebastiãoense foi de R$1.983.796,22, segundo o Tribunal de Contas da União, diz o estudo. Este ressalta que "a sociedade são-sebastiãoense não sabe como, com quem, quando e porque foram feitos estes gastos, em razão do não acesso à prestação de contas."

Essas 28 câmaras que compuseram o 3º grupo tiveram entre 50 e 69 pontos na avaliação. Nota basta baixa para quem utiliza tanto dinheiro municipal e da empobrecida população.

30 câmaras receberam nota "Ruim". Elas só conseguiram uma avaliação entre 21 e 49 pontos. Elas compõem o 4º grupo. Nele está o Legislativo de São Miguel dos Campos com apenas 44,0 pontos.

A situação das câmaras que compõem o 5º grupo é ainda pior na respectiva da transparência. 

Uma intransparência total, essas câmaras produzem.

Elas tiraram de "0" a 20 pontos na avaliação. Boca da Mata, 8,0, Ibateguara, 4,0 e Porto Calvo, 2,0 pontos.

Nesse 5º e último grupo, obtiveram "0", Olho d'Água do Casado, Campo Grande, Murici e Feliz Deserto.

Segundo um dos coordenadores deste Foccomal, Paulo Bomfim, o "descaso das câmaras municipais constatado pela interessante e elogiável avaliação do Ministério Público alagoano, que precisa ser repetida a cada exercício, é algo bem antigo e sempre denunciado, mas parece que a coisa começa a mudar", afirma.

A avaliação dos portais de transparência dos 102 municípios foi realizada pelo Núcleo de Defesa do Patrimônio Público (Nudepat) do Ministério Público Estadual (MPE), que avaliou, dentre outros fatores, o cumprimento da chamada Lei de Responsabilidade Fiscal (Lei Complementar Federal nº101-2000) e da Lei de Acesso à Informação (Lei Ordinária Federal nº12.527-2011), dentro do Objetivo Estratégico de Defender a Probidade (honestidade) na Gestão Pública.

Daí o porquê de os portais de transparência de cada município e de cada câmara serem essenciais, até mesmo em tempo real, como diz a lei.

Na avaliação as 102 câmaras ficaram classificadas em 5 grupos, sendo 7 no 1º; 23, no 2º; 28, no 3º; 30, no 4º e, 14, no 5º grupo.


>Produção:Fórum de Controle de Contas Municipais em Alagoas (Foccomal)
Contatos - Imeio: ongdeolhoss@bol.com.br - Blogue: onguedeolho.blogspot.com
Redação: Paulo Bomfim - Integrante da Ongue e do Focccomal


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