A
fala e a prática das empresas jornalísticas comprovam que elas não querem a real
e verdadeira democracia. Essa falta de democracia é praticada de diversas
formas.
Desde
a sutil blindagem de muitos até o omitir de muitos, optando pelas falas e pelas
cenas que se adequam aos interesses do neocapitalismo e de poucos poderosos
mundiais. Das direitas e das extremas-direitas.
Da
não contratação à demissão de trabalhadores e de trabalhadoras que questionam
publicamente os interesses da classe do andar de cima ou até mesmo daqueles e
daquelas não defendem os interesses do patronato.
A
demissão do escritor e do ativista Anderson França pelo jornal Folha de São
Paulo, de São Paulo, comprova e clareia o conflito entre ideia-fala e
vontade-prática.
Como
paradoxo ou atitude contrária à lógica ou afirmação contrária ao bom-senso do
jornal. Propaga a defesa da democracia (dos costumes, “de quem lê jornais”),
mas defende e pratica a ditadura dos interesses econômico-financeiros.
Daí
o porquê os jornalões estão a detestar Bolsonaro e a sua gestão contra as liberdades
individuais ou até culturais, mas estão a defender o governo Bolsonaro na
destruição dos direitos, especialmente, os sociais, e a absurda acumulação do
capital ou o neoliberalismo ou neocolonialismo, no dizer de Frei Betto.
A
seguir, lei matéria da revista Fórum, na internete:
“Folha
demite Anderson França depois de crítica a sertanejos e artistas que ajudam
Bolsonaro
“Pede para apoiar a democracia, mas demite quem
escreve a favor da democracia”, disse o escritor, ao anunciar fim da coluna
O jornal
Folha de S.Paulo encerrou a coluna de Anderson França. A informação divulgada
pelo próprio escritor, em sua página no Facebook, nesta quinta-feira (30).
“Nesta tarde, eu fui demitido da Folha de
S.Paulo”, escreveu França. “Numa ligação que durou 35 segundos, fui informado
que minha coluna estava sendo cancelada.”
França
foi ativista, professor e realizou diversos trabalhos na periferia do Rio de
Janeiro.
Ele se tornou cronista, com intensa produção nas redes sociais, e tem
uma obra finalista do prêmio Jabuti 2017 (Rio em Shamas). Destaca-se pela
crítica social, sempre inteligente e mordaz. Ameaçado de morte no governo Jair Bolsonaro,
França está exilado em Portugal.
“Pelo que entendi, muito superficialmente, essa
decisão poderia estar relacionada com a pressão e a ameaça de processo que as
cantoras Maiara & Maraisa fizeram por meio de seu jurídico, decorrente da coluna que escrevi as
associando, e outros artistas, e repito, numa prática de quem cala
consente, com um governo que só afunda o país”, destacou o escritor.
“Não tem
jogo, amigo. O sertanejo é muito comprometido com isso.
Leonardo um dia desses disse que era melhor ‘morrer
fudendo’ que tossindo. E isso foi parar na boca do 04, o filho lagarto do
Bolsonaro.”
Embora
admita não ter uma confirmação precisa para o encerramento da coluna, França
destaca que tinha bons índices de audiências, mas colecionava ameaças das pessoas
que queriam a sua saída do jornal.
“Expus a
classe artística que silenciou diante de um secretário de cultura
escandalosamente inspirado em Goebbels. Ameaçaram. Vou processar a Folha, o
Anderson, vamo arrancar o emprego dele. O Dória disse que ia me processar. A
direita paulistana inteira. Holiday, Douglas, esses chorume, esses porco
deputado militar. Tacaro fogo”, apontou o escritor.
França a agradeceu a oportunidade de escrever para
o jornal, mas também apontou dificuldades na relação com os profissionais da
Folha.
“Recebi
ordens pra parar de falar “palavras xulas” e outras coisas. Tentei compreender,
buscar orientações na Folha, mas infelizmente todo mundo ali é ocupado. Não
tive uma orientação pra saber como proceder, não desagradar ninguém. Até tive
problemas. Muitas vezes, não publicavam a coluna no dia. Eu precisava entrar em
contato com eles, para publicarem. Pedia uma, duas vezes. Algumas pessoas lá
foram bem duras comigo.”
O escritor defendeu a importância da Folha, que
está sob ataque do presidente Jair Bolsonaro, e que não deseja o fim do jornal,
mas não deixou de destacar que a sua saída é incompatível com os valores
pregados pela publicação: “A Folha pede pra apoiar o jornalismo, pra assinar a
Folha e apoiar a democracia, mas demite quem escreve em favor da democracia”.
França
destacou que continuará publicando no site Metrópoles e no seu perfil no Facebook, bem como
desenvolvendo outros projetos no exílio.”
https://revistaforum.com.br/noticias/folha-demite-anderson-franca-depois-de-critica-a-sertanejos-e-artistas-que-ajudam-bolsonaro/amp/
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