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Sslsll “Pressões movimentam bastidores do Judiciário para escolha do novo
ministro do STJ
Conversas,
negociações, notas oficiais, lembrança de julgamentos passados e até supostos
‘pactos’ se destacam nas conversas de gabinetes dos TRFs. Expectativa é que
decisão saia no início de março
Brasília – Não é somente no Legislativo e no
Executivo que o início de 2016 está sendo marcado por reuniões e acertos para
definição de novos nomes. No Superior Tribunal de Justiça (STJ), segundo
tribunal mais importante do país e maior em termos de colegiado (é formado por
33 ministros), aguarda-se para o início de março, no mais tardar, a indicação
pela presidenta Dilma Rousseff de novo ministro a partir de um dos nomes da
lista tríplice já encaminhada a ela. O escolhido ocupará a vaga deixada pelo
ex-ministro e ex-corregedor nacional de Justiça Gilson Dipp, aposentado no ano passado.
Mas a escolha está permeada de “senões” e até mesmo sendo definida por
“pressões diversas” nos comentários feitos em reservado em várias esferas da
magistratura.
Os indicados são os magistrados José Marcos
Lunardelli, do Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região, João Batista
Moreira, do TRF da 1ª Região, e Joel Paciornik, do TRF da 4ª Região. As
preocupações para a escolha por um nome enfrentam duas questões distintas:
primeiro, o fato de o escolhido vir a ocupar a 5ª Turma do STJ.
Trata-se da turma que julga os réus em processos
referentes à Operação Lava Jato. O governo espera indicar alguém que não faça
uso do cargo para politizar questões de mérito, desfavorecendo réus de um
partido em detrimento de outro, conforme conduta que vários integrantes do PT e
parlamentares de outras legendas acusam, até hoje, ter sido observado no
julgamento do chamado mensalão, pelo Supremo Tribunal Federal (STF) – a Ação
Penal 470. Em segundo lugar, há os acordos implícitos que ninguém assume publicamente
mas que costumam ser feitos em relação a outros processos e pendências de ordem
política, existentes nestes TRFs.
O TRF 1, por exemplo, é o tribunal que julga
atualmente as ações da Operação Zelotes. Foi esta Corte que tirou da vara em
que estava, em novembro passado, a juíza Célia Regina Ody Bernardes da
relatoria do caso. Ela estava no cargo interinamente em substituição ao titular
(que tinha sido designado como juiz auxiliar do STJ e chamado para reocupar
suas funções no TRF). Célia Regina foi quem determinou o pedido de busca e
apreensão nas empresas do filho do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
Luís Cláudio Lula da Silva.
A posição da juíza foi criticada tecnicamente em
decisão da desembargadora Neuza Alves, também do TRF 1, que chamou a
autorização da busca e apreensão na empresa de Luiz Cláudio como ato baseado em
uma “ilação”. Segundo ela, “o caso estaria sendo analisado não quanto à sua
razoabilidade, mas apenas pelo fato de ter sido a ‘ilação’ o único fundamento
apresentado para requerer a efetivação de uma devassa em empresas que, até
então, não eram objeto de investigação alguma, nem mesmo como desdobramento do
procedimento que até então avançava em curso firme, sem titubeios nem
tentativas de evasão de informações”.
Mas sabe-se que, por ser um tribunal cuja
jurisdição abrange o Distrito Federal e 13 estados, não é apenas o rumo da
Zelotes que está em jogo. O TRF 1 é um dos mais prestigiados pelo Executivo na
escolha dos ministros para o STJ não apenas pelas causas sob jurisdição da
Corte, como também pela boa atuação dos seus integrantes. Foi de lá que saíram,
por exemplo, a ex-ministra Eliana Calmon – hoje aposentada – e a atual ministra
Assusete Magalhães.
Outras causas que chamaram a atenção nos últimos
tempos, no TRF 1, foram as ações de desaposentação (cujos julgamentos resultam
sempre em fortes impactos para a Previdência Social), o julgamento de ações
referentes à Operação Monte Carlo – que levou à prisão do bicheiro Carlinhos
Cachoeira, cuja repercussão também contribuiu para a cassação do então senador
Demóstenes Torres (DEM-GO) por envolvimento com o caso. E, ainda, decisões
sobre legalidade de grampos judiciais e sobre embargos e continuidade de obras
da hidrelétrica de Belo Monte.
Há, segundo um magistrado que hoje atua no Conselho
Nacional de Justiça (CNJ) e pediu para não ser identificado, rumores de que
decanos do tribunal procuraram ministros do Executivo para argumentar que
gostariam de receber uma contrapartida por parte do governo, diante do empenho
que tiveram para evitar politizações nos julgamentos dos últimos anos. Eles
teriam destacado a postura equilibrada que tem sido praticada pela corte e
lembrado, até mesmo, a forma rápida como agiram no caso envolvendo o filho de
Lula. Deixando claro, por conta disso, que gostariam de emplacar mais um
ministro no STJ.
Quadros bem preparados
“Se isso aconteceu, é chantagem pura. Não acho que
possa ter acontecido, até porque se trata de um tribunal que se destaca por
possuir alguns dos quadros mais preparados do Judiciário nacional”, contestou
um ministro aposentado do STF, ao ouvir a história – que tem sido uma das mais
comentadas das últimas semanas no Judiciário Federal.
As especulações, no entanto, não circulam apenas em
relação ao TRF 1. O TRF 4 – que abrange os estados do Rio Grande do Sul, Santa
Catarina e Paraná – é o tribunal que conduz os processos da Operação Lava Jato.
E a escolha de um indicado de lá também está sendo estudada com olhos de lince
pelo Palácio do Planalto. O indicado desta corte para o STJ, o juiz Joel
Paciornik, atua em Porto Alegre (RS).
Parcionick venceu uma lista de 13 nomes do TRF 4
selecionados para o cargo e o que se comenta é que existe, hoje, neste
regional, uma divisão dos desembargadores entre os que acatam e os que
contestam de forma veemente as decisões e iniciativas do juiz federal Sérgio
Moro. Inclusive, indo de encontro a vários dos seus pedidos de prisão
preventiva.
Em agosto passado, por exemplo, o desembargador
João Pedro Gebran Neto mudou decisão de Moro e determinou ao juiz que repensasse
a data fixada para alegações finais em um dos processos envolvendo o ex-diretor
da Petrobras Renato Duque, cuja defesa queria inserir nos autos novas provas. O
desembargador, ao dar sua decisão num recurso apresentado pela defesa de Duque,
afirmou que a conduta de Moro, ao reconsiderar decisão anterior, “tem aptidão
para gerar razoável instabilidade processual” no atual estágio do processo.
Nem todos os magistrados do mesmo tribunal pensam
assim, mas diante de anos seguidos de turbulência em julgamentos polêmicos, o
Executivo trabalha para colocar no STJ uma pessoa que possua “postura o mais
equilibrada possível” na condução destes casos, conforme destacou em off uma
liderança do PT com cargo no governo.
Equilíbrio entre TRFs
Na terceira e última frente dessa disputa, está o
juiz federal José Marcos Lunardelli, do TRF 3. Ele conta com o apoio de uma das
principais entidades da magistratura – a Associação dos Juízes Federais de São
Paulo e Mato Grosso do Sul (Ajufesp) – que reivindica sua indicação ao STJ para
que haja “maior equilíbrio” no Judiciário. “A 3ª Região do Judiciário
Federal é uma das maiores em volume de processos, mas conta com apenas um
representante na Corte Superior. Essa distorção há muito é sentida e merece ser
corrigida”, assinala a entidade.
Nos bastidores do TRF 3, o que se comenta é que
Lunardelli conta com a simpatia de setores do PT e é apoiado pelos ministros do
STJ Ricardo Villas-Bôas Cueva, Herman Benjamin, Maria Thereza de Assis Moura e
Regina Helena Costa. No Executivo, estariam atuando na definição de um nome que
consiga solucionar essa equação sem criar atritos no Judiciário, os ministros
José Eduardo Cardozo (Justiça), Jaques Wagner (Casa Civil) e o ex-ministro da
Defesa e ex-presidente do STF, Nelson Jobim.
Esse tipo de disputa, no âmbito dos tribunais
superiores, não costuma ser novidade para quem circula pelo Judiciário. A
composição do STJ costuma ser formada por um terço de ministros saídos dos
desembargadores dos Tribunais de Justiça, um terço dos juízes dos TRFs (caso de
agora) e um terço, em partes iguais, de listas indicadas entre advogados e
membros do Ministério Público alternadamente.
No ano passado, a ex-ministra Eliana Calmon
sugeriu, em matéria veiculada pelo jornal Folha de São Paulo, que teria
sido feito um acordo informal entre o presidente da Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB), Marcus Vinícius Furtado Coelho, e o atual presidente do STJ,
Francisco Falcão, pelo apoio ao desembargador Kassio Marques, do TRF 1 para
este cargo.
Marques acabou ficando fora da lista tríplice e o
acordo foi negado por todas as partes mencionadas. Mas segundo as informações
divulgadas, teria como objetivo fazer com que, em troca, quando fosse aberta
uma vaga proveniente da advocacia, o indicado fosse o advogado Djaci Falcão
Neto, que é filho de Francisco Falcão. Também as presidências dos três TRFs
foram procuradas para esta matéria, mas não se pronunciaram a respeito.
Com a recente aprovação da Emenda Constitucional da
Bengala, que elevou a aposentadoria compulsória dos ministros do Judiciário de
70 para 75 anos, caso eles queiram ficar no cargo até o final, a próxima
formação de lista tríplice para uma vaga de ministro do STJ por parte de um
representante da Justiça Federal no STJ ocorrerá apenas em 2020, com a
aposentadoria do ministro Napoleão Nunes Maia Filho. Daí o motivo de tanta
pressão. Mas não se sabe se estes magistrados, que já estavam programando suas
aposentadorias, vão querer continuar suas atividades.
O que se tem de certo é que a disputa para
substituição de Gilson Dipp é pesada. E as articulações em curso dão a entender
que, apesar do horário reduzido de atendimentos nos serviços dos tribunais e no
expediente dos servidores neste mês de janeiro, a movimentação nos gabinetes
tem sido bem maior do que aparenta. O que se tem feito tem sido muito menos
avaliação técnica e muito mais política.
http://www.redebrasilatual.com.br/politica/2016/01/pressoes-movimentam-bastidores-do-judiciario-para-escolha-do-novo-ministro-do-stj-5474.html”
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