Continuando a parte4 (http://onguedeolho.blogspot.com.br/2015/05/saosebastiao2015-parte3-sinais-de.html) da análise da prestação de contas da saúde referente
ao exercício de 2014, passa-se ao debate sobre o conjunto de possíveis
irregularidades nos gastos dos dinheiros da saúde no ano de 2014. As
irregularidades abrangem os montantes e os percentuais dos créditos adicionais
suplementares (CAS).
As leis municipais de
créditos adicionais suplementares (LMCAS) são necessárias quando o orçamento
municipal fixou o valor de um gasto. Mas, depois, o valor anteriormente
determinado não deu para pagar integralmente a respectiva despesa, precisando-se
de mais dinheiro. Eis a lição da Lei Nacional nº4.320-1964.
Pelas informações colhidas de alguns conselheiros de saúde, no Estado, e
no próprio Ministério da Saúde, em Maceió, a rejeição da prestação de contas da
saúde por um Conselho Municipal de Saúde (CMS) é algo inédito em Alagoas,
apesar de ser muito comum ouvir-se que os dinheiros são desviados e de muita
gente, em verdade, com má intenção ou por pura desinformação, criticar os
conselhos por essa real conivência com as gestões fraudulentas ou mesmo omissão
de cada conselheiro ou conselheira.
“Isso (a rejeição) vai deixar muita gente atônita e sem saber o que
fazer”, disse-nos uma das pessoas do Conselho Estadual de Saúde (CES), quando
indagada quais as providências seriam necessárias para solicitar-se a
realização de um parecer jurídico-contábil ou mesmo um auditoria nas contas da
saúde, para que, então, pudessem ser reapreciada pelo CMS, como ficou acordado
no final da reunião, como tentativa de solucionar a questão.
A seguir leia
a tabela com algumas
das irregularidades. Observe os absurdos percentuais de cada suplementação. Se não for outra
coisa “cabeluda”, é muito desplanejamento! E olhe que foi criada uma Secretaria
Municipal de Planejamento (Semplan), que, em 2013, custou à empobrecida
população R$589.212,00, segundo a Lei Municipal nº412, de 15 de janeiro de
2013. Um gasto muito superior aos das pessoas idosas, adolescentes e com
deficiência. O custo da Semplan em 2014, ainda não foram publicizados pela CM e
pela própria administração. Aliás, a Semplan não deu resultado e,
aparentemente, acabou, pois no próprio orçamento de 2014 sequer teve dotação mencionada.
Então, se não teve orçamento, nada poderia gastar.
Nome
da
despesa
|
Valor inicial do gasto aprovado
|
CAS de 40% aprovado pela CM
|
Valor do
gasto informado
no balancete
|
Percentual de aumento do CAS no
balancete
|
Se não tiver cada LMCAS as irregularidades estão
confirmadas
|
Diárias de Pessoal Civil
|
17.300,00
|
6.920 ,00
|
82.318,60
|
1.189,58%
|
Existe a LMCAS?
|
Despesas Exerc. Anterior
|
31.636,00
|
12.654,40
|
41.401,00
|
327,17%
|
Existe a LMCAS?
|
Vencimentos e Vantagens
|
1.459.980,00
|
583.992,00
|
1.497.320,34
|
256,39%
|
Existe a LMCAS?
|
Material Permanente
|
47.950,00
|
19.180,00
|
70.000,00
|
364,96%
|
Existe a LMCAS?
|
Contrato Determinado
|
495.279,00
|
198.111,60
|
1.827.430,59
|
922,42%
|
Existe a LMCAS?
|
Obras e Instalações
|
60.000,00
|
24.000,00
|
139.563.67
|
232,61%
|
Existe a LMCAS?
|
Serviços Pessoa Física
|
300.079,00
|
120.031,60
|
831.616,42
|
692,83%
|
Existe a LMCAS?
|
Serviços Pessoa Jurídica
|
177.600,00
|
71.040,00
|
113.339,45
|
159,54%
|
Existe a LMCAS?
|
Material de Consumo
|
16.600,00
|
6.640,00
|
25.000,00
|
376,51%
|
Existe a LMCAS?
|
Hospitalar - Samu
|
160.000,00
|
64.000,00
|
146.658,73
|
229,15%
|
Existe a LMCAS?
|
Eis mais uma pequena amostra
de indícios de irregularidades existentes. Se a administração não comprovar a
aprovação, sanção, promulgação e publicação das LMCAS as irregularidades apontadas
estarão confirmadas. Percentuais de CAS de 40% passar
para os percentuais que você acabou de lê, pode? Os vereadores aprovaram isso? Bem... Só um real parecer contábil-jurídico
ou a auditoria a ser realizado esclarecerá isso.
Daí
a necessidade do parecer
contábil-jurídico
ou mesmo a auditoria, que, no entanto, só deve ser feito após um contador e um
advogado ou mesmo os dois conjuntamente terem completo acesso à documentação
que
dá origem às informações dos balancetes. Como a gestão municipal não pratica a
transparência administrativa,
violando toda a legislação que a impõe, inclusive a Recomendação Conjunta dos
segmentos do Ministério Público, a sociedade e os próprios conselheiros e
conselheiras não têm acesso à documentação municipal.
Além das irregularidades formais e matérias explicitadas
na parte1 dessa análise sobre as contas da saúde de 2014 (http://onguedeolho.blogspot.com.br/2015/06/saosebastiao2015-parte1-irregularidades.html), as aqui
focadas decorrem da inexistência de LMCAS. Observa-se que nem
a administração nem a Câmara Municipal (CM) fazem publicização das leis municipais.
Valores de despesas de
determinadas dotações orçamentárias foram fixados pela
CM em um montante. Mesmo
considerando-se os 40% do CAS aprovado “automaticamente”
pela maioria
dos 13 vereadores, nos
balancetes os valores resultaram
em montantes muito superiores. No entender dessa Ongue e do Conselheiro Municipal
de Controle Social, que subscreve as partes dos textos dessa análise, as faltas
das LMCAS são um
tipo de irregularidade que levaram à rejeição da prestação de contas, que não
deve ser reapreciada enquanto a administração não fornecer a integral
documentação para a elaboração do parecer contábil-jurídico ou da auditoria,
que comprove a correção dos gastos efetuados.
O texto continua na parte6 - Produção: Ongue de Olho em São
Sebastião
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