domingo, 17 de março de 2013

DESDESABAFAR PRECISO É

Muitas coisas chamam-me a atenção. Mas duas delas são, diria, motivos para desdesabafar, sem perdão do correto neologismo. Uma é o fato da grande maioria dos articulistas alagoanos, com as exceções de praxe, não nominar os alagoanos e as alagoanas responsáveis pelos nossos tristes índices socioeconômicos.


Quem, desatento, leu ou ler os publicados artigos pode pensar que a culpa é dos céus ou dos infernos e jamais de nós, alagoanos ou alagoanas. Se mais desatento ainda, poderá ser induzido a achar que a culpa é, e tão-somente, dos políticos e das políticas.

Outra, que me faz escrever esse desdesabafo, se bem intuo o sentido da expressão é a falta de escolarização, pois entendo “educação” numa ampliada dimensão de, no mínimo, “educação de berço”, “educação profissional”, “educação geral” ou mesmo “educação afetiva”, com li recentemente.

Seria a falta de escolaridade pressuposto da desonestidade, como dão a entender diversos artigos e falas que tratam a desescolarização como fundamento dos desvios dos recursos públicos?

Então, seria dos desescolarizados a culpa pelas malezas alagoanas?

De logo, aviso que esse fato incomoda-me desde que, em São Paulo, lia e ouvia dos diversos naipes da elite paulistana que a culpa era de nós, “do Norte’. Ali descobri que eles não-conhecem e não-reconhecem o Nordeste brasileiro. Ou apenas praticam ou falam sobre a indústria do chamado “turismo sexual”, onde as nossas “morenas” têm sempre o bumbum exposto a sugerir inconfessadas práticas sodômicas e a pose sexualizada como instrumento de alimento para a lascívia.

Também ali, ainda desescolaizado, vivia, sobrevivia e convivia.

Um aperreio só!

E injuriado, ficava!

Então resolvi ler alguns números sobre os votos que elegiam determinadas figuras naquele Estado e na capital bandeirante. Assim, percebi que a culpa era, quase sempre, deles, segmentos das elites, paulista e paulistana, todos graduados e pós-graduados, e nunca de nós, nortistas ou nordestinos desescolarizados ou semiescolarizados.

Hoje, 16-03-2013, no jornal Gazeta de Alagoas, na página “Opinião”, li e reli – e gostei! - do “DESABAFO” escrito por Rafael Feitosa d’Almeida, mas que, como outros, não nominou as pessoas responsáveis pela produção dos tristes índices que ali certeiramente mencionou.

Mas, traindo-se ou induzido por outros escritos e falas, culpou os desescolarizados. Com o perdão da minha “pouca leitura”, foi assim que compreendi a frase “O que o povo precisa é de educação.”, como se os desescolarizados fossem os culpados pelos desvios de recursos públicos que serviriam para, se não “acabar, nunca!”, com certeza minorar o sofrimento e o medo que ataca a gente alagoana, como o próprio jornal tem noticiado.

Não tenho dúvidas!

Se bem utilizados fossem, os dinheiros públicos produziriam mais igualdade social e redistribuição de renda, desafogando os presídios e extirpando o medo de quem tem pequeno patrimônio a perder.

O nó!

Ora, os roubos dos dinheiros públicos, que faltam ao combate dos mencionados e péssimos índices socioeconômicos alagoanos, são praticados pela indústria da graduação e da pós-graduação desaetificada e desonesta, que embasa o neoliberal ter, mesmo em excesso, e não o ser, do bem viver.

Não!

Ora, os roubos dos dinheiros públicos, municipais, estaduais, distritais e federais em Alagoas – e País afora - não são espécies de crimes famélicos ou de alguma bagatela, mas frutos do estimulo ao acúmulo de capital, para suposto viver bem.

Assim, creio!

Mesmo já pertencendo a essa fauna escolarizada.

Percebo que nas operações das policiais e nos processos, judiciais ou administrativos, os “desvios” são praticados por gente escolarizada ou por pessoas semialfabetizadas, mas cercadas por pessoas graduadas e pós-graduadas.

Os doutores!

Por conseguinte, gente bem escolarizada!

E não por alguém a quem não foi dada a oportunidade de estudar ou apenas teve a chance de semialfabetizar-se para justamente servir.

Portanto, a culpa não é da falta de escolarização!

Mas...

E a honestidade e a ética, supostamente disseminadas no ambiente dos escolarizados, ficaram onde?

Poderão ter sido perdidas na própria indústria da (des)“educação”!

Sem apologia às práticas criminosas, o número de desescolarizado que atenta contra o patrimônio é alto. Todavia, o montante roubado, com certeza, é ínfimo, se considerados os milhões levados por larápios bem escolarizados.

Finalmente, sou deseducado ou desescolarizado, mas, por favor, não me acusem mais.

Pedimos nós, o povo.

Obrigado!

>José Paulo do Bomfim é são-sebastiãoense e neste Município vive e convive, sendo Técnico Judiciário na Vara do Trabalho de Santana do Ipanema, no Médio Sertão alagoano, onde o Canal do Sertão parece que não vai chegar a tempo de ali os atuais viventes alimentarem-se daquela água. Imeio:josepaulobomfim@bol.com.br

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