terça-feira, 26 de julho de 2011

Santana do Ipanema - SANTA ANA, POR QUÊ?

Porque há muito tempo os humanos deixaram se transformar em objetos que também consideram desprezíveis. Até porque também, quase sempre, desprezamos os que nessa data comemoramos.
Hoje comemora-se o Dia dos Avós e os avós mais venerados na história do catolicismo são São Joaquim e Santa Ana, pai e mãe de Jesus. Dos meus quatro avós, alcancei os dois avôs – Antônio Pereira, paterno e João Pedro, materno - e uma avó, a materna, a minha “madrinhavovó”, como lá em Camaratuba os netos e as netas a chamavam.
Santa Ana foi transformada em Sant’Ana e aqui virou Santana - do Ipanema. Ipanema na linguagem indígena seria água ruim, rio sem peixes etc., nas informações do Dicionário de Expressões Populares, mas também de um bairro elitoso e bicentenário e de uma bela praia, lá no município do Rio de Janeiro.
Mas porque objetos desprezíveis nos tornamos e somos? Hoje, Santana do Ipanema está em festas. Comemora-se o dia de sua Padroeira. Senhora Sant’Ana e ontem à noite lá apresentava-se a banda Raça Negra. Com muita expectativa, preparos e pouca reflexão.
Nessa noite lia uma revista informativa de “fofocas” e tal. E a surpresa: lá estava o relato de que o senhor Edson Café está abandonado não só pela sociedade, mas também por seus ex-amigos. Passando muita necessidade, vivendo numa “casinha” e sobrevivendo de um “pequeno auxílio” da proteção social, a quem também quase não damos importância. Com as exceções de costume, dele também, quase sempre, só lembramos na hora do santo aperreio ou da triste “desdita”, como diria algum previdenciário mais bem antenado.
Logo após o início do “sofrimento” ou do derrame cerebral vieram algumas vezes aqui e depois foram “sumindo”, e “depois não veio mais ninguém”. Os companheiros de trabalho “me abandonaram”, mas muita gente acha que cantar é diversão.
Para quem não se lembra, como eu, Edson Café fez muito sucesso na Raça Negra, na 1ª metade da década de 90. Na banda, atuava como compositor, músico e também intérprete, mas em 1994 “sofri um derrame” e “fiquei deficiente e abandonado”, como abandonados estão muitos “sadios” que ontem à noite foram curtir a Raça Negra. As fotografias delá e decá deixam-nos muitas preocupações com o futuro do nosso suposto sucesso.
Mas...
Podemos fazer o quê?

>José Paulo do Bomfim – residente em São Sebastião, no Agreste, e trabalha em Santana do Ipanema, no Médio Sertão – imeio:josepaulobomfim@bol.com.br

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