Proibição na Austrália para menores de 16 anos deveria ser seguida pelo Brasil. Muitos pais não defendem o direito do filho à tela, mas sim a conveniência de não ter trabalho
A partir desta quarta (10), a Austrália se torna o primeiro país do mundo a proibir que menores de 16 anos tenham conta em redes sociais. TikTok, Instagram, YouTube, X, entre outras, tudo fora do alcance legal de crianças e adolescentes. As plataformas serão obrigadas, sob multa pesada, a tirar a chupeta digital da boca de quem ainda não tem maturidade para esse tipo de brinquedo.
O Brasil já deveria ter feito a mesma coisa. Está escancarado que crianças não têm preparo emocional, cognitivo nem mínimo senso crítico para habitar esse ambiente de pornografia, ódio, desinformação e dopamina infinita, mesmo quando o feed parece "controlado".
A experiência recente da proibição de celulares nas escolas brasileiras já mostra resultado: alunos mais presentes, mais concentrados, mais olho no professor e menos na tela. Quem viveu a grita contra a obrigatoriedade do cinto de segurança e a proibição de cigarro em lugares fechados lembra: toda medida de proteção coletiva começa impopular, cheia de esperneio adulto, e termina óbvia. Odeio dizer isso, mas o Maluf foi visionário!
Vai ter adolescente que burla? Claro. Vai ter pai que ajuda a trapacear? Também. Mas isso é só uma radiografia sinistra da nossa imaturidade. Quando um governo precisa decretar "offline obrigatório" para menores, não são as crianças que fracassaram. São os pais, os adultos, que preferem terceirizar a criação para o algoritmo e deixar os filhos à mercê de pressão estética, pedofilia, bullying, discurso de ódio. O nome disso deveria ser abandono de menor e criminalizado como tal.
Mariliz Pereira Jorge
Jornalista e roteirista
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