sexta-feira, 13 de março de 2020

Biblioteca do Sesi – SE TORNARÁ EM QUÊ?



Como você já leu neste blogue as matérias: “INACABADAS OBRAS EDUCACIONAIS I”(http://fcopal.blogspot.com/2019/05/inacabadas-obras-educacionais-i.html) e “INACABADAS OBRAS EDUCACIONAIS II: Lagoa da Canoa”(http://fcopal.blogspot.com/2019/05/inacabadas-obras-educacionais-ii.html), bem como ouviu comentários sobre estas matérias e outras sobre “obras abandonadas” na rádio comunitária Salomé FM e também leu ou ouviu na mídia em geral, vai ler agora nesse relatório a “inutilidade” que poderá resultar a Biblioteca do Sesi, em construção ao lado de abandonada creche e de também abandonadas 50 casas, que ora formam o Conjunto Habitacional 28 de Julho.

Da tal “Casa da Sopa”, que há muito tempo e tem muito dinheiro, mas nunca saiu do papel, no Bairro Cruzeiro.

Saindo dali nos deparamos com o abandonado imóvel do Centro Educacional Antônio Coutinho(CEAC), no povoado Canabrava, à margem da BR-101, cujo processo a respeito do estranho “negócio”, no âmbito das diversas fraudes com imóveis (Secretaria de Ação Social, Secretaria de Educação, Casa da Ração, Casa do Leite, Correios etc.) aguarda solução na nossa Comarca.

Além de outros esqueletos que poderão surgir, como postos de saúde nos povoados Flexeiras e Maracujá II. Acreditamos que estes serão construídos, em razão da fiscalização da população e desta Ongue de Olho em São Sebastião, mas muito dificilmente funcionarão. Você e seus semelhantes sabem muito bem das faltas de remédios, de exames e de modestos equipamentos na saúde.

Mesmo sendo este Município administrado por dois médicos. E não por “analfabetos”, como já foi dito em campanha no segundo meado da década de 1990.

Assim, esse esquisito preâmbulo é escrito para que não achemos que o descompromisso começou recentemente. É só perguntar aos trabalhadores e às trabalhadoras dos campos são-sebastiãoenses.

Por conseguinte, voltemos à Biblioteca do Sesi, cujas paredes estão com cerca de 40 centímetros de altura. A obra dela está em realização no terreno situado na Rua Sete de Setembro, s-n.

Praticamente vizinha ao Fórum e em frente a duas obras “já inacabadas”. A da que seria uma creche, cujo dinheiro sumiu, pois não se sabe de prestação de contas, e a da que seriam as 50 casas e cujos esqueletos ora formam o ocupado 28 de Julho, já referido.

Como é feita pelo Serviço Social da Indústria, a obra será construída e doada ao Município. Portanto, acredita-se que não ficará inacabada, como outras que deveriam ter sido efetuadas pela administração do prefeito Zé Pacheco.

O problema é que neste Município se tem reduzido ou nenhum aproveitamento de edificados equipamentos municipais, como as quadras e ginásio polidesportivos, poços artesianos, postos e academias de saúde e – pasmem - até mesmo a existente biblioteca municipal, que fica fechada, apesar de ter servidores lá supostamente trabalhando ou ganhando sem trabalhar.

A questão não é, então, a construção em si e os equipamentos da biblioteca, que serão doados pelo Sesi, segundo informações colhidas pela Ongue. 

PROBLEMÃO será a manutenção e o funcionamento da Biblioteca do Sesi.

Como já escrito, a municipal praticante não funciona, estando fechada à noite e nos dias de sábado, domingo e feriado, quando estudantes e população em geral poderiam frequentar o referido “centro de conhecimento”, e mesmo está fechada em partes de dias úteis, conforme reclamações chegadas a esta Ongue.

Para saber a história e comparar com as estórias. Na última segunda-feira, 13-5, surgiram zunzuns de que uma obra iria ser iniciada em frente aos “esqueletos” da creche e das 50 residências do 28 de Julho, na Rua Sete de Setembro, s-n, esquina com a Rua Travessa Sete de Setembro, bem próxima ao Fórum.

Na terça-feira, 14-5, o Conselheiro Municipal de Controle Social, José Paulo do Bomfim, pela manhãzinha, esteve no local e constatou que realmente uma obra estaria sendo iniciada. Na quarta-feira, 15-5, o referido Conselheiro, também pela manhãzinha, retornou ao local e conversou com os trabalhadores que estavam na obra.

Ressalta-se que teve um excelente atendimento deles e deles obteve importantes informações. Na mesma, manhã, mais tarde, os senhores Luiz da Doação e Manoel Avelino – em atividades de controle social - também estiveram na iniciada obra e também conversaram com os trabalhadores, quando obtiveram praticamente as mesmas informações.

Segundo as informações colhidas, a obra será uma biblioteca, construída pelo Sesi, no âmbito do Projeto Indústria do Conhecimento. O Prefeito não tem nada a ver com a construção. A obra seria entregue totalmente pronta em cerca de três meses, por volta de agosto.

A Prefeitura entraria com a doação do terreno e com a manutenção das atividades da Biblioteca e o pagamento dos servidores que nela irão trabalhar. Quando concluída, a obra tornar-se-á a Biblioteca do Sesi e “não municipal”; foi mostrada a maquete da obra e a fotografia de uma das bibliotecas, que já seriam, no Estado, mais de 40.

A biblioteca terá cerca de mil livros. Mas não se sabia quem irá comprar os referidos livros e como serão utilizados. Serão cerca de 10 computadores, para aula de informática. Mas também não sabe quem vai comprá-los, instalá-los e fazer a periódica manutenção. Os professores serão contratados e pagos pela Prefeitura e não pelo Sesi.

Sem qualquer dificuldade, fornecido foi o contato com o Sesi e o nome da pessoa responsável pela obra. No final da mesma manhã, por telefone, o Conselheiro de Controle Social, Paulo Bomfim, entrou em contato com o doutor Henrique, engenheiro do Sesi. O bom atendimento se repetiu. O mesmo praticamente confirmou todas as informações. Mas acrescentou que obras semelhantes haviam em Lagoa da Canoa, Jequiá da Praia, Junqueiro etc.. Não havia doação do terreno, como digo, mas a realização de um contrato de comodato, uma espécie de empréstimo, entre a Prefeitura e o Sesi. Não haveria específicas exigências do Sesi para a manutenção e o funcionamento da biblioteca, ficando a integral gestão da mesma com a Prefeitura. Disse que, se, por acaso, a Prefeitura não quisesses manter a estrutura, o custo da sua manutenção e do seu funcionamento, a obra, por ser de espécie metálica, seria desmontada e levada para outro município.

O Sesi não escolhia a adequada localização da obra, ficando isso sobre a responsabilidade e conveniência da Prefeitura. Sobre a inacabada creche existente no terreno, disse que “realmente é um absurdo”, mas que a da biblioteca não ficará daquele jeito.

Estranhando, indagou de o porquê as informações não foram obtidas na Prefeitura, via Secretaria Municipal de Educação, sendo-lhe informado pelo Conselheiro Paulo Bomfim que não há transparência na administração municipal e “essas solicitações” não são respondidas pela gestão, o que leva a conflito e, com muita frequência, se tem a necessidade de incomodar a Promotoria de Justiça e a Defensoria Pública desta Comarca para obter as informações, cópias de documentos etc..

Ele, então, reafirmou a sua estranheza e disse que o Sesi sempre estaria à disposição para responder a quaisquer dúvidas e fornecer outras informações.

Na tarde do mesmo dia, o mencionado Conselheiro e o Presidente da Associação de Moradoras e Moradores do Bairro São José, Manoel Avelino, conselheiro da saúde, em nome do Fórum de Controle de Contas Públicas em Alagoas (Foccopa), foram ao Município Lagoa da Canoa, visitar a biblioteca lá existente, com a finalidade de se ter uma visão mais adequada e de melhor fundamentar o presente relato.

Lá, na chamada “Terra de Hermeto Pascal” e do baiano Dida, uma desagradável surpresa aflorou-nos. 

A Biblioteca do Sesi está construída, não à frente, como em São Sebastião, mas ao lado, “pegada”, de uma também inacabada creche. Esta, desde a administração do ex-prefeito “Jairzinho”, segundo informações de moradores das proximidades.

Às 16:50 horas, a mencionada biblioteca estava fechada e, segundo os moradores, inclusive, uma adolescente ex-aluna de informática, tem funcionamento irregular, ficando “muito tempo” fechada, mas que poderia estar funcionando “todo dia, de manhã à noite”.

 Assustados, vizinhos da Biblioteca do Sesi e do esqueleto do que seria a creche, disseram não saber os nomes e os endereços de professores e dos vigias da Biblioteca.

Uma senhora, inclusive, alertou-nos para o perigo de “mexer com isso, Deus me livre e vocês”, disse-nos. Apesar da construção ser nova, recentemente, parte do telhado da biblioteca caiu, com uma “chuva um pouco mais forte”. Mas que não chegou a ser nenhuma tempestade, informaram.

A queda de parte do telhado e o precário ou “quase não funciona” foram confirmados por algumas lideranças que foram por procuradas. Uma dessas lideranças, ex-vereador, arrematou um que: “infelizmente é mais um dinheiro público perdido, pois não abre regularmente; fica mais fechada que aberta e não funciona à noite”. 

Provocado, respondeu: “Ora, se não funciona nos dias de semana, imagine sábado, domingo ou feriado?”.

Então, foi aguardada a sessão legislativa, à noite, com o objetivo de se obter alguma informação dos dez vereadores e de uma vereadora. Mas a sessão estava bastante agitada com o debate sobre a redução do valor da Contribuição sobre os Serviços de Iluminação Pública (Cosip), que lá também tem uma alíquota absurdamente alta.

Hoje, sexta-feira, 17-5, na sessão legislativa deste Município, os vereadores e as vereadoras informaram não saber da existência da construção da Biblioteca do Sesi e também sobre a cessão do terreno, dizendo que não aprovaram nenhuma doação ou comodato, ou mesmo alguma outra forma de utilização dele.

Certos de que “enquanto mais livros ou bibliotecas) melhor”, os mencionados conselheiros entendem que a existente biblioteca municipal, localizada na Praça Largo Muniz Falcão, encontra-se subutilizada.

O deficiente ou subfuncionamento da biblioteca municipal decorre do horário e dos dias de funcionamento, eis que é fechada no turno da manhã, de segunda-feira a sexta-feira, e o dia todo aos sábados, domingos e feriados, bem como à noite, não havendo explicação pública de o porquê o fato acontece.

Entendem que se houvesse funcionamento na parte da manhã e em dias de sábado, domingos e feriados, e à noite, esse importantíssimo equipamento municipal poderia ser melhor utilizado por estudantes e por outros usuários, leitores e leitoras.

Os conselheiros – e com certeza outras muitas pessoas - compreendem a importância da obra que pode transformar-se na Biblioteca do Sesi. Mas será que ela será bem administrada? Terá boa manutenção e funcionamento por parte dos gestores, prefeito e vice-prefeito?

Frisa-se que – por ironia – este Município vai ter mais biblioteca que creche. Só tem uma pequenina creche, no Cruzeiro. 

E também não há pré-escolar público ou a chamada “universalização (para todos e todas) do Ensino Infantil, uma obrigação municipal.

Essa silenciada omissão ou descaso da administração impede e, portanto, fortemente prejudica o desenvolvimento psicossocial regular de milhares de crianças que vivem, convivem e sobrevivem neste Município. 

Apesar da proteção de Nossa Senhora da Penha, nossa padroeira, e de São Sebastião.

A Escolarização infantil é um dos direitos humanos não garantidos pela administração municipal, infelizmente. Quando é seu o dever de promover esse nível de ensino.

Enfim, a biblioteca está sendo construída em ambiente extremamente perigo.

Como já escrito, ficará a poucos metros do esqueleto creche, abandonado e já em plena depredação, e do fedor dos dejetos e dos lixos das 50 casas que não têm banheiros, fossas, água, portas, energia elétrica, calçamento e saneamento básico etc..

Ademais, seria salutar que se “amarrasse” a situação da posse e da propriedade do terreno, bem como que ficasse claramente definidas as responsabilidades pela montagem, equipamentos, energia, água, contratação de servidores, pagamento dos respectivos salários, em resumo, integral manutenção e funcionamento da Biblioteca do Sesi, até porque “ler é um ato de inteligência”.

Bem...

Mas isso é algo a cargo do Sesi, Promotoria de Justiça, Defensoria Pública, Câmara Municipal e, naturalissimamente, da Prefeitura, que está sob a gestão de duas pessoas muito bem escolarizadas.

Finalmente, acreditamos que cumprimos o nosso papel de conselheiros municipais e de ativos cidadãos.

A você, leitora ou leitor, obrigadíssimo, se conseguiu lê.

Terra da Renda, 17 de maio – Inverno – de 2019.

Nenhum comentário:

Postar um comentário